Vi tantos mutuals no twitter e blogueiros elogiando esse livro que eu precisei colocá-lo na minha TBR. No entanto, para ser sincera, a capa me desanimou um pouco (eu sei, eu sei 'nunca julgue um livro pela capa' e tal). De qualquer forma, eu li. E, agora, mal consigo pensar direito para escrever essa resenha. O livro foi bom assim.
De qualquer forma, aqui vamos nós,
O Rei da Palha
por K. Ancrum (trad. Guilherme Miranda)
Gênero: YA, LGBTQIA, Fantasia
Páginas: 324
★★★★★
Sinopse: August é considerado um desajustado piromaníaco, enquanto Jack é a estrela do time de rúgbi do colégio. A amizade dos dois nasceu ainda na infância, e a força dela é algo que eles mantêm em segredo.
Ninguém sabe, mas Jack e August contam com o apoio um do outro para sobreviver – o apoio que suas famílias não oferecem.
Quando Jack passa a ter alucinações cada vez mais vívidas, August decide ajudá-lo da única forma que sabe: saltando com Jack em seu reino fantástico que beira o mundo real.
Então, Jack guia August por uma jornada sombria, acreditando que assim suas alucinações terão fim. Enquanto lutam pela própria sanidade, eles seguem em queda livre por um mundo surreal. Mas, ao final, cada um deverá escolher a própria verdade.
Com capítulos intercalados por documentos, recortes, bilhetes, fotografias e outras memórias, O Rei de Palha é uma ficção contemporânea carregada de tensão, loucura e amor.
"Você merece cura e crescimento também. Você merece alguém que converse com você sobre seu problema, você merece apoio incondicional, você merece cuidado e segurança e todas as coisas que ajudem você a prosperar. Só porque você talvez não as tenha não significa que não as mereça. Se alguém lhe disser que você não merece tudo isso, está mentindo. Continue tentando fazer o seu melhor. Peça ajuda quando precisar. Faça o melhor que puder para ter força e coragem, mas tudo bem não conseguir. Se você soltar um pouco desse peso que está carregando, não tem problema. Você é totalmente capaz de se reinventar, mesmo que pareçam faltar algumas peças." ― K. Ancrum, O Rei da Palha.
Em O Rei da Palha, seguimos a história de August e sua amizade tóxica com Jack. A maioria das pessoas diria que seu relacionamento é bastante improvável (já que Jack é um atleta popular e August, o nerd/drogado da escola) e doentio (definitivamente é isso), mas no final do dia, a verdade é que eles simplesmente não podem mais viver sem o outro. Nem quando Jack começa a ter alucinações ou quando a condição de August começa a piorar. E nós, leitores, somos observadores silenciosos dessa bagunça.
Então, O Rei da Palha é, no fim das contas, uma história sobre negligência. Eu estava tendo dificuldade para encontrar palavras que retratassem completamente os personagens, mas acredito que a autora, K. Ancrum, disse melhor do que eu jamais poderia:
"Jack e August são vítimas de negligência. [...] Como a maioria dos adolescentes, Jack e August precisam de determinadas coisas para se desenvolver. Eles precisam cuidar e se sentir cuidados, eles precisam de estrutura e autoridade, eles precisam de suporte incondicional, eles precisam de alguém que se preocupe com eles, eles precisam poder contar com alguém, e eles precisam sentir-se seguros. Tudo isso era ausente em suas vidas, então eles tentaram construir versões melhores de si... um no outro. " ― K. Ancrum, O Rei da Palha.
Eles são pessoas quebradas em um relacionamento tóxico e o livro nunca deixa você esquecer disso. Mas, ao mesmo tempo, é tão difícil não entender e se relacionar com os personagens. É claro que não concordo com suas ações, mas entendo seus motivos e as coisas que os levaram a esse caminho perigoso de codependência. E, é claro, não posso deixar de elogiar K. Ancrum por ter escrito personagens tão complexos, identificáveis e interessantes (em seu romance de estreia, nada menos!) e também por seu retrato realista de transtornos mentais, os quais ambos personagens principais sofrem.
Em relação à trama, devo dizer que não tinha ideia do que se tratava antes de começar a leitura e, portanto, toda a história foi uma surpresa muito agradável. O conflito principal foi maravilhosamente escrito e me deixou presa no livro o tempo todo (então não vou estragar para você, sinto mundo mas não vou dar spoilers ou algo parecido). Simplesmente não consegui largar o livro. O final, normalmente oito ou oitenta para mim, foi perfeito na minha opinião. Não tinha ideia do que ia acontecer e definitivamente não estava esperando o que aconteceu. Acho que foi brilhante, coerente e satisfatório.
Eu também amei o quão original o enredo é, adorei como os personagens foram desenvolvidos, como tudo foi escrito (o aspecto fantástico do livro, mas também as partes reais).
"– Acho que você tá fazendo seu melhor, mas seu melhor nem sempre é suficiente – Às vezes…
você precisa parar de tentar e deixar que outra pessoa faça o melhor dela. Para sobreviver."― K. Ancrum, O Rei da Palha.
Quanto à autora, K. Ancrum, ela é agora uma das minhas favoritas. Eu nunca tinha ouvido falar dela antes, mas agora quero ler todos os seus livros. Foi surpreendente como ela conseguiu escrever algo tão pessoal e importante com tanta delicadeza e habilidade em sua estréia. Além disso, essa parte é muito importante, leia a nota da autora. Você vai me agradecer mais tarde!
Por fim, alguns pontos que se destacaram para mim: a capa (seria muito melhor sem os caras nela) e as pequenas fotos/notas/mixtapes entre os capítulos (ótima ideia!).
O Rei de Palha foi uma daquelas leituras que me destruíram emocionalmente (num bom sentido!) e provavelmente vou ficar obcecada pela história por meses (e reler constantemente). Eu recomendo para quem procura um livro meio dark e bem escrito. Na verdade, eu acho que é uma leitura obrigatória para todo mundo.
"Seria interessante seguir esse mundo até seus limites. Verificar um pouco as fronteiras" ― K. Ancrum, O Rei da Palha.
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